Ex-chefe de espionagem de Muamar Kadafi é extraditado à Líbia
Detido na Mauritânia, Abdullah al-Senussi era responsável pelos ataques direcionados a inimigos do ex-ditador líbio, morto em outubro do ano passado por rebeldes
O governo da Mauritânia extraditou, nesta quarta-feira, o
ex-chefe de espionagem do governo de Muamar Kadafi, Abdullah
al-Senussi, à Líbia. A informação foi confirmada pela agência estatal de
notícias do país, após muita polêmica sobre qual nação tinha a
responsabilidade em julgá-lo.
Senussi, um dos principais homens do regime de Kadafi,
foi capturado dentro da fronteira da Mauritânia, no oeste da costa
africana, em março. A disputa pela sua extradição envolveu, além da
Líbia, a França e o Tribunal Penal Internacional, que queria julgá-lo
por acusações de crimes contra a humanidade. O órgão mundial disse que
não havia recebido nenhuma informação sobre a entrega do ex-chefe de
espionagem às autoridades líbias.
"Ele foi extraditado para a Líbia com base em garantias
dadas pelas autoridades locais", afirmou uma fonte governamental da
Mauritânia à Reuters, sem dar detalhes sobre as negociações.
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O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da
Líbia, Saad al-Shelmani, disse que não poderia confirmar a informação,
mas comemorou a notícia. "Estamos pedindo isso há muito tempo e (a
notícia) vai ser muito bem-vinda, se for verdade", comentou.
O ex-chefe de espionagem de Kadafi foi detido há seis
meses em um voo do Marrocos para a capital da Mauritânia, Nouakchott,
com um passaporte falso de Mali.
Durante o regime do ditador líbio, morto por insurgentes
em outubro de 2011, Abdullah al-Senussi era responsável pela espionagem e
ataques direcionados aos inimigos de Kadafi. O governo francês também o
acusa de ter participado de um bombardeio aéreo em regiões do Níger, em
1989, no qual 54 cidadãos franceses morreram.