FRASES CÉLEBRES

Frases Célebres

"Ama-me quando eu menos o merecer, porque será nessa altura que mais necessitarei"
-- Dr.JeckyII


"Sê paciente, espera que a palavra amadureça e se desprenda como um fruto ao passar o vento que o mereça"
-- Eugénio De Andrade


"O amor e a verdade estão unidos entre si, como as faces de uma moeda. É impossível separá-los. São as forças mais abstractas e mais poderosas desse mundo."
-- Mahatma Gandhi


"Há vários motivos para não se amar uma pessoa e um só para amá-la."
-- Carlos Drummond de Andrade


"Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor. Como as outras, ridículas..."
-- Fernando Pessoa


"O verdadeiro amor é como os fantasmas. Todos falam nele, mas ainda ninguém o viu."
-- Fide da Roche


"O amor e o desejo são as asas do espírito das grandes façanhas."
-- Johann Wolfgang von Goethe


"O amor é a força mais subtil do mundo."
-- Mahatma Gandhi


"Amar é encontrar na felicidade de outrem a própria felicidade."
-- Gottfried Leibnitz


"Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor."
-- Vladimir Maiakovski


"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez tua rosa tão importante."
-- Antoine de St. Exupery (in "O princepezinho")


"Os homens cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim e não encontram o que procuram. E, no entanto, o que eles buscam poderia
ser achado numa só rosa."
-- Antoine de St. Exupery


"Sou o dono dos tesouros perdidos no fundo do mar.
Só o que está perdido é nosso para sempre.
Nós só amamos os amigos mortos
E só as amadas mortas amam eternamente..."
-- Mário Quintana


"Tudo o que sabemos do amor, é que o amor é tudo que existe."
-- Emily Dickinson


"Amor são duas solidões protegendo-se uma à outra."
-- Rainer Maria Rilke


"O amor é a asa veloz que Deus deu à alma para que ela voe até o céu."
-- Michelangelo Buonarroti


"Temer o amor é temer a vida e os que temem a vida já estão meio mortos."
-- Bertrand Russell


"Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor."
-- Wolfgang Amadeus Mozart


"Não há nada que esteja só; nada pode estar em completa solidão: o que existe necessita de outro para ser."
-- Leopoldo Schfer


"A pior solidão que existe é darmo-nos conta de que as pessoas são idiotas."
-- Gonzalo Torrente Ballester


"Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados. E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir."
-- Khali Gibran


"Só se vê com o coração. O Essencial é invisível aos olhos"
-- Exupéry


"Nada existe de grandioso sem Paixão"
-- Hegel


"O beijo é a menor distância entre dois apaixonados"
-- Amy Banglin


"O falar incessantemente por hipérboles só se adapta bem ao amor."
-- F. Bacon


"É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado"
-- Guimarães Rosa


"Na terra nasce o amor, no céu floresce."
-- Maciel Monteiro


"Ninguém pode fugir ao amor e à morte"
-- Públio Siro


"O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter a coragem de ir colhê-la à beira de um precipício aterrador."
-- Storm (João Teodoro Woldsen)


"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
-- Saint-Exupèry


"Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te"
-- Shakespeare


"Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o cérebro."
-- Theophile Gautier


"O amor grava sua tatuagem na carteira de todo amante"
-- Mildred Meiers


"A religião prestou ao amor um grande serviço, fazendo dele um pecado."
-- Anatole France


"Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que não é cego, não é amor."
-- Honore de Balzac


"O amor é um conflito entre nossos reflexos e nossas reflexões."
-- Magnus Hirschfeld


"Pode-se amar até a loucura uma mulher feia, por encantos que superam os encantos da beleza."
-- Jan Paulhan


"Na vida do homem, o amor é uma coisa a parte, na da mulher, é toda a vida."
-- Lord Byron


"Não sou como a abelha saqueadora que vai sugar o mel de uma flor, e depois de outra flor. Sou como o negro escaravelho que se enclausura no seio de uma única rosa e vive nela até que ela feche as pétalas sobre ele; e abafado neste aperto supremo, morre entre os braços da flor que elegeu."
-- Roger Martin du Gard, Os Thibault


"O amor não é mais que uma amizade inflamada"
- Pintor de Évora


"Quem começa a entender o amor, a explicá-lo, a qualificá-lo e quantificá-lo, já não está amando."
-- Roberto Freire


"As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem."
-- Lilian Tonet


"Só há amor quando não existe nenhuma autoridade."
-- Raul Seixas


"Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade."
-- Raul Seixas


"Não exijas dos outros qualidades que ainda não possuem."
-- Francisco Cândido Xavier


"Não somos amados por sermos bons. Somos bons porque somos amados."
-- Desmond Tutu


"Num bom relacionamento, a proporção de poder entre o homem e a mulher deve ser um a um."
-- Elizabeth Hurley


"O erotismo é o grande triângulo entre o homem, a mulher e Deus."
-- Olga Savary


"As almas encontram-se nos lábios dos enamorados."
-- Percy Bysshe Shelley


"Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro."
-- Carl Gustav Jung


"A fotografia nunca se revela por inteiro quando você se desmancha por alguém. Essas relações lembram uma foto polaroid: a imagem vai aparecendo aos poucos. Algumas coisas se distanciam do sentimento original, mas isso é a vida."
-- Mia Farrow


"É mais fácil ser amante do que marido, pois é mais fácil dizer coisas bonitas de vez em quando do que ser espirituoso dias e anos a fio."
-- Honoré de Balzac


"Sabe o que é melhor que ser bandalho ou galinha? Amar. O amor é a verdadeira sacanagem."
-- Tom Jobim


"Amar é... ser a primeira a reconhecer o corpo dele no Instituto Médico Legal."
-- Ivan Lessa


"Não se ama duas vezes a mesma mulher."
-- Macahado de Assis


"Você pode amar muito uma pessoa e ir para a cama com outra."
-- Leila Diniz


"Lembre-se!!! Quando pensar em ferir alguém, lembre-se que você pode está dentro do coração desse alguém."
-- Ana Paula Nascimento Ramos


"Amor é um não-sei-quê, que surge não sei de onde, e acaba não sei como."
-- Scudery


"Assim como as chaves abrem cofres, as cartas abrem corações."
-- James Howell


"Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós."
-- Amado Nervo


"Nunca lamente uma ilusão perdida, pois não haveria fruto se a flor não caísse ".
-- Thaysa M. Dutra


"Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e por isso terei você para sempre."
-- Paulo Coelho


"O amor não se constitui de cegueira, se constitui em ver os defeitos do amado e aceita-los apenas porque se ama."
- Lucas Augusto


"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."
-- Carlos Drummond de Andrade


"Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia."
-- William Shakespeare


"Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor"
-- William Shakespeare


"Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor"
-- Madre Teresa


"O amor é o nosso estado natural quando não optamos pela dor, pelo medo ou pela culpa"
-- Willis Harman e Howard Rheingold


"Como se tornar uma esposa melhor? Tentando não fazer do marido um esposo melhor."
-- Gurumayi Chidvilasananda


"Saia da roda do tempo e venha para a roda do amor."
-- Jalaludin Rumi


"Nenhum homem viveu que tivesse suficiente / Gratidão de crianças e amor de mulher."
-- William Butler Yeats


"No homem, o desejo gera o amor. Na mulher, o amor gera o desejo."
-- Jonathan Swift


"O amor é como fogo: para que dure é preciso alimentá-lo."
-- La Rochefoucauld


"O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem."
-- Saint-Exupèry


"Um amor mais forte que tudo, mais obstinado que tudo, mais duradouro que tudo, é somente o amor de mãe."
-- Paul Raynal


"Amor não se conjuga no passado; ou se ama para sempre, ou nunca se amou verdadeiramente."
-- M. Paglia


"Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor".
-- Wolfgang Amadeus Mozart


"Amar alguém é ser o único a ver um milagre invisível aos outros."
-- Mauriac



"O amor nasce do desejo respeitoso de fazer eterno o passageiro"
-- Ramón Gómez de la Serna



Lutar pelo amor é bom, mas alcança-lo sem luta é melhor.
-- William Shakespeare


Amar é mudar a alma de casa.
-- Mario Quintana


Amar, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido.
-- Vinícius de Moraes


No homem, o desejo gera o amor. Na mulher, o amor gera o desejo.
-- Jonathan Swift


Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor.
-- Madre Teresa


O amor é o nosso estado natural quando não optamos pela dor, pelo medo ou pela culpa.
-- Willis Harman e Howard Rheingold


Haverá algo mais belo do que ter alguém com quem possa falar de todas as suas coisas como se falasse consigo mesmo?
-- Cícero


O amor decresce quando cessa de crescer.
-- Chateaubriand


Não há surpresa mais maravilhosa do que a surpresa de ser amado.
-- Charles Morgan


Há cordas no coração humano que o melhor seria não fazê-las vibrar.
-- Charles Dickens


O tempo pode extinguir ligeira chama, mas não os vulcões.
-- Castilho


O amor não é inteiramente um delírio, mas tem com ele muitos pontos em comum.
-- Carlyle


O amor sendo cego, os enamorados não podem ver as loucuras que
cometem.
-- Shakespeare


Quando alguém está apaixonado, começa por enganar-se a si mesmo e acaba por enganar os outros. É o que o mundo chama romance.
-- Oscar Wilde


O amor é um sórdido embuste pelo qual a natureza nos leva a
continuar a espécie.
-- W. Somerser Maugham


Quem ama muito fala pouco.
-- B. Castiglione


O amor é o único jogo no qual dois podem jogar e ambos ganharem.
-- Erma Freesman


Na raiz de quase todas as misérias materiais e, sobretudo, morais, está uma falta de amor, uma fome de afeição que não foi satisfeita.
-- Georges Arnold


Uma vida sem amor é como árvores sem flores e sem frutos.
E um amor sem beleza é como floressem perfume.
Vida, amor, beleza: eis a minha trindade.
-- Gibran, Temporais


O fundo de uma agulha é bastante espaçoso para dois enamorados;
mas o mundo todo é pequeno para dois inimigos.
--Solomon Ibn Gabirol


Gostamos de alguém porque; amamos alguém apesar de.
--Henri de Montherland

Siga-nos

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Euclides da Cunha além de “Os Sertões”; Euclides da Cunha; “Os Sertões”, outras obras; reflexões.

 Euclides da Cunha além de “Os Sertões”


                                                                                                Euclides da Cunha além de “Os Sertões”                               

 

 

 

Maria Aparecida Granado Rodrigues

Especialista em Análise do Discurso - Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Especialista em Metodologia do Ensino Aprendizagem de Língua Portuguesa- Faculdade de Educação São Luís.

(cidigranado56@yahoo.com.br)

 

 

RESUMO: 

Euclides da Cunha não é autor de um livro só. Embora muito se fale a respeito do livro “Os Sertões” que tem uma abordagem, ao mesmo tempo, científica, geográfica, geológica, etnográfica, filosófica, sociológica, poética, etc., há outros livros escritos por Euclides tão importantes para o conhecimento de problemas do Brasil e do mundo. É indiscutível o valor de “Os Sertões” porque as suas páginas revelam a dor humana, seja ela oriunda das condições físicas enfrentadas pelo povo do sertão nordestino; seja pela crueldade das ações contra Canudos. Porém, outros livros de Euclides como “À margem da História”, “Contrastes e Confrontos” são bons exemplos de reflexão sobre questões sociais e políticas que interessam a qualquer pessoa em qualquer época.

 


 

     Reconheço que é missão de suma responsabilidade tentar fazer uma abordagem singular sobre este tema, afinal, muito já se escreveu sobre a vida e obra de Euclides da Cunha.

     Sabemos que Euclides não é autor de um livro só. A Bibliografia Euclidiana compõe-se dos seguintes livros: “Os Sertões” (1902); “Peru versus Bolívia” (1907); “Castro Alves e seu tempo“ (1907); “Contrastes e Confrontos” (1907); “À Margem da História” (1909); “Contrastes e Confrontos” (1907); “Diário de uma Expedição” (1939); “Caderneta de Campo” (1975).

     Além desses livros, Euclides da Cunha escreveu cartas, poesias e relatórios.

 

1 ) “Os Sertões”: Não há como negar que a posição de Euclides da Cunha na Literatura Brasileira como grande escritor que foi, merecedor de muitos elogios, está atrelada à criação do livro “Os Sertões” que, sem dúvida, é o maior de todos.

     Primeiramente porque o livro “Os Sertões” foi uma denúncia de um problema vivido pelo Brasil e que é atual e creio que sempre o será. O problema da injustiça cometida por aqueles detentores do poder contra os pobres, os fracos, os oprimidos, os operários, os analfabetos, os sem-terra, os sem-saúde, os trabalhadores dos campos, os abandonados do sertão, pessoas que vivem no anonimato, seja qual for o regime em vigor.

     Segundo Paulo Dantas, “Os Sertões são exemplo único de um livro dentro da formação de uma nacionalidade. Pesou, influiu e ainda influi, porque o portento, o arremesso de Euclides da Cunha revelou o país ao mundo – o abandono inteiro de uma raça, o seu misterioso caldeamento, a sua virilidade estragada, a poesia, o heroísmo, o espanto, a miséria e a grandeza da real existência sertaneja”

     Podemos dizer também que o livro “Os Sertões” foi como uma candeia que colocada à frente, abriu e clareou caminhos para outros escritores que resolveram assumir posição de luta contra esses mesmos problemas. Autores como Monteiro Lobato, Raquel de Queirós, Graciliano Ramos, Jorge Amado e outros que, influenciados por Euclides da Cunha, resolveram tratar do problema da seca e suas consequências, do caboclo esquecido, ignorante e miserável, situações que sempre colocaram e colocam patrícios nossos em situação desvantajosa em relação aos demais brasileiros.       

Os Sertões nasceram como história da campanha de Canudos - é o que nos diz Euclides na "Nota Preliminar" do livro. Mas, terminada a guerra, Euclides, que a anotara com minúcias de repórter, resolveu dar à longa narração o caráter de exemplo de tendências conflituosas da nossa realidade.

SegundoAlfredo Bosi, “há, portanto, na obra, dois grandes planos: o histórico e o interpretativo. Ao plano histórico responde a parte final do livro: "A Luta". Ao plano interpretativo, as duas primeiras secções: "A Terra" e "O Homem".

Ainda, segundo Bosi, “a ordem não é gratuita: vincula-se à cultura do autor e de seu tempo, determinista. Os fundamentos de toda a realidade repousam na matéria; por sua vez, a vida, manifestação orgânica"

     Isso quer dizer que Euclides da Cunha partia do pressuposto que para entender sob o ponto de vista científico o que se passou em Canudos, era necessário considerar o    ambiente, a geografia do lugar ( A Terra ); os aspectos antropológicos, mostrando os cruzamentos das raças e o aparecimento do tipo do sertão ( O homem ); e as circunstâncias históricas, culturais, políticas, sociais que interferem nos acontecimentos, no caso específico, a guerra de Canudos ( A Luta).     

     A Terra, primeira parte do livro, embora seja de difícil compreensão, possui uma intensa beleza expressiva. É uma espécie de tratado sobre a geologia nordestina. É uma descrição intrigante, bela e difícil que contagia e incomoda. A descrição abrange o cenário físico, as caatingas, as serras, as águas, o ar, a vegetação.

     Não se trata de um cenário apenas ornamental, mas determinante das ações: clima, plantas, animais, rios, homem, tudo sofre com as secas. Quem enfrenta tais situações já é uma vítima. É evidente que as condições ecológicas cruéis fazem com que o crime se torne ainda mais hediondo. Euclides nos prepara para  entendermos melhor a questão quando escreve: “o martírio do homem, ali, é reflexo de tortura maior, mais ampla, abrangendo a economia geral da Vida. Nasce do martírio secular da Terra...”

            Ao descrever o meio sertanejo, Euclides acentua o aspecto de uma paisagem torturada, obrigada a viver violentos contrastes __ “ A natureza compraz-se em um jogo de antíteses” (p.38) ____, entre os verões queimosos e os invernos torrenciais.

 

É uma paisagem impressionadora.

As condições estruturais da terra lá se vincularam á violência máxima    dos agentes exteriores para o desenho de relevos estupendos. O regímen torrencial dos climas excessivos, sobrevindo, de súbito, depois das instalações demoradas, e embatendo naqueles pendores, expôs a muito, arrebatando-lhes para longe todos os elementos degradados, as series mais antigas daqueles últimos rebentos das montanhas: todas as variedades cristalinas, e nos quartzitos ásperos, e nas filades e calcários, revezando-se, repontando durante o cada passo, mal coberto por uma folha tolhiça __ dispondo-se em cenários em que ressalta, predominantemente, o aspecto atormentado das paisagens (p.13).

 

 

     Na segunda parte, O Homem, completa a descrição do cenário narrando as origens de Canudos. Euclides da Cunha estudou a gênese do jagunço e, principalmente, a de seu líder, Antonio Conselheiro. Falou de raças (índio, português, negro), e de sub-raças (que indica com o nome "mestiço"). Em O Homem o autor caracterizou o sertanejo como "Hércules-Quasímodo", usando antíteses e paradoxos (Hércules era um semideus latino, encarnação de força  e valentia; Quasímodo era sinônimo de monstrengo, de pessoa disforme, personagem de Nossa Senhora de Paris, romance de Victor Hugo). Preparando o ambiente para os episódios de Canudos, Euclides da Cunha expôs a genealogia de Antônio Conselheiro, suas pregações e a fixação dos sertanejos no arraial de Canudos.

     Na terceira parte, A Luta, Euclides conta sobre as quatro expedições do Exército enviadas para suplantar a rebelião de Canudos, que reunia "os bandidos do sertão": jagunços (das regiões do Rio São Francisco) e cangaceiros (denominação no Norte e Nordeste). Eram mais ou menos 20.000 pessoas no arraial, na maioria, ex-trabalhadores dos latifúndios da região.

Com seis subtítulos (Preliminares, Travessia do Cambaio, Expedição Moreira César, Quarta Expedição, Nova Fase da Luta e Últimos Dias) completou, por sua vez, o elenco dos personagens esboçado na segunda parte (O Homem). Quer estudando-os em conjunto, como no trecho Psicologia do Soldado, quer em particularidades, como no retrato físico e psicológico do coronel Antônio Moreira César.

     Ao contar sobre a guerra de Canudos, Euclides da Cunha, nos mostra as chagas de um país dividido. De um lado uma sociedade que detinha o poder político e econômico, localizada no Rio de Janeiro e em outras cidades costeiras. Do outro lado, particularmente no sertão nordestino, cresciam homens e mulheres à mercê das atitudes arbitrárias dos coronéis e dos chefes locais.

     Com seu livro máximo, Euclides da Cunha provou que houve negligência por parte das autoridades na repressão aos canudenses de Antonio Conselheiro.

     “E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo” ( Nota preliminar).

     Aquele povo, num cenário de miséria e abandono, num lugar perdido entre caatingas e serras chamado Canudos, disparou o grito do país até então não conhecido. O grito não pôde ser ouvido porque não foi entendido pelos dirigentes que preferiram suplantá-lo com armas, preferiram sufocá-lo com balas.

     O crime reside na incompreensão de Canudos por parte do litoral. Lemos em “O Homem” – capítulo V: “Eram, realmente fragílimos, aqueles pobres rebelados. Requeriam outra reação. Obrigavam-nos a outra luta. Entretanto enviamos-lhes o legislador Comblain; e esse argumento único, incisivo, supremo e moralizador – a bala”.

     Desvelado o crime em toda a sua extensão, resta apenas o lamento e a reflexão. Euclides da Cunha faz isso com a dignidade que o momento exige: “Fechemos este livro. Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história resistiu até ao esgotamento completo”.

     Passarei agora a uma pequena análise sobre as outras produções que nos deixou o nosso incomparável escritor.

 

2 ) “Peru versus Bolívia”: Livro publicado pela 1ª vez em 1907, em artigos do Jornal do Comércio, foi imediatamente traduzido para a língua espanhola. O livro é composto de 8 estudos. Trata de uma discussão de maior importância para os países interessados, para o Brasil, para toda a América.

     O livro nada mais é do que um estudo técnico sobre o litígio de fronteiras entre os países Peru e Bolívia. Estuda o problema levando em conta todos os aspectos que podiam levar à conclusão final: histórico, geográfico, político e jurídico. O professor Francisco Venâncio Filho disse bem acerca de Euclides da Cunha “Revela mais uma vez a sua excepcional capacidade de pensador e um profundo conhecimento dos países da América do Sul. Por tudo isto, teve excepcional repercussão em todo o continente”.

     Com o tratado de Petrópolis, o Brasil acertou seus problemas fronteiriços com a Bolívia. Coube ao Brasil o Acre que já era habitado e defendido pelos nordestinos que para lá iam fugidos das secas.

     O Acre havia sido proclamado independente em 1902. Por causa desse acerto o Peru sentiu-se fraudado e reclama da Bolívia 720.000 Km2, incluindo o Acre.

     Euclides da Cunha, valendo-se desse rico material técnico e histórico, mostra a existência de erros que terminaram por orientar a delimitação territorial entre Peru e Bolívia.

     Euclides da Cunha pôde presenciar o problema angustiante do seringueiro nosso no Acre, isso fez com que ele passasse a se preocupar com essa questão de delimitação de terra entre esses dois países. Tomou, então, apaixonadamente o partido da Bolívia. Ele tornou-se o “Cavaleiro andante da Bolívia contra o Peru”, conforme ele mesmo se definia.

     Mais uma vez vemos Euclides da Cunha se posicionando como advogado das causas injustas, embora muitos não o compreendessem e nem tão pouco o compreendam hoje.

     São palavras do escritor maior: “Muitos talvez não compreendam que, numa época de cerrado utilitarismo, alguém se demasie em tanto esforço numa advocacia romântica e cavalheiresca, sem visar um lucro, ou interesse indiretos. Tanto pior para os que não o compreendam. Falham à primeira condição prática, positiva e utilitária da vida, que é aformoseá-la.”

     Com esse espírito é que Euclides denunciou um erro defendendo não os direitos da Bolívia, mas defendendo o Direito.

 

3 ) “Castro Alves e seu tempo”: Trata-se de uma conferência pronunciada por Euclides da Cunha, em 3 de dezembro de 1907, no Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito de São Paulo, a convite dos acadêmicos. A entrada foi paga, pois a conferência se destinou a angariar fundos para uma herma do poeta baiano.

     Nessa conferência exalta a genialidade de Castro Alves. São palavras de Euclides: “... nenhum dos nossos poetas foi, tanto quanto Castro Alves, ainda mais oportuno, nascendo com o renascimento da sua terra. Os sucessos sumariados dizem-no-lo por si mesmos. Está nesta circunstância a sua maior grandeza”.

 

4 ) “Contrastes e Confrontos”: Trata-se de uma coletânea de artigos saídos em sua maioria, originalmente, na imprensa. Foram escritos por volta de 1904 e organizados por um editor de Portugal. Entre os vários artigos há alguns de grande interesse: “Plano de uma Cruzada”: o tema desse artigo é a seca.

     Vemos um Euclides preocupado com a ecologia. Ele critica a nossa incapacidade criadora de combater a seca, principalmente por ser um fenômeno previsível. “As secas do extremo norte delatam impressionadoramente, a nossa imprevidência, embora sejam o único fato de toda a nossa vida nacional ao qual se possa aplicar o princípio da previsão”.

     Euclides apresenta várias sugestões que formariam um plano estratégico desta cruzada contra o deserto. Sugeriu “a açudada largamente disseminada” – em virtude dos vales e aproveitando as corredeiras das montanhas que a própria erosão transformou em grandes covas; “a arborização em vasta escala” com vegetais que sejam apropriados para aquele clima rude do sertão; “as estradas de ferro de traçados adrede dispostos ao deslocamento rápido das gentes flageladas”; “os poços artesianos, nos pontos em que a estrutura granítica do solo não apresentar dificuldades insuperáveis”.

     As soluções apresentadas por Euclides da Cunha mostram que ele tinha profundo conhecimento do que falava e era muito interessado nesses assuntos.

     Num outro artigo do livro “Contrastes e Confrontos”, “Fazedores de Desertos”, vemos também a preocupação de Euclides da Cunha, isso em 1904, com o problema da seca e da ecologia. Critica o desmatamento, a queimada de árvores para obtenção de combustível único das nossas locomotivas.             Euclides critica a ação devastadora do homem que não se preocupa com o mundo em que vive.

     Vemos sua posição neste trecho “Temos sido um agente nefasto e um elemento de antagonismo terrivelmente bárbaro da própria natureza que nos rodeia”.

     Outro artigo que merece destaque é “Um Velho Problema” – artigo escrito a 1º de maio de 1904 a propósito do Dia do Trabalho. Disserta ele sobre questões trabalhistas; fala sobre o capital, o trabalho, a produção, o uso da terra e, numa época em que ninguém tinha coragem de abordar o assunto. Ele afirma: “A força única da produção é o trabalho. A terra, as máquinas, o capital não produzem sem o braço do operário”.    É, portanto, um artigo que aborda questões sociais e defende o direito de greve do trabalhador.

     Muitos outros assuntos ainda foram tratados por Euclides da Cunha em “Contrastes e Confrontos”.

5 ) “À Margem da História”: obra publicada após a morte de Euclides da Cunha, também reunindo artigos saídos da imprensa. Possui uma primeira parte dedicada aos temas amazônicos, abrangendo quase metade do livro, deveria fazer parte de outra obra do porte de “Os Sertões” que ele intencionava escrever. Seu título seria “Um Paraíso Perdido”. Seria um “segundo livro vingador”. Deveria referir-se à Amazônia, acusando os descasos pela terra e o desprezo pelo homem. Sobre Euclides e sua ida à Amazônia, (TOCANTINS...1978, P.31) afirma:

                     

 Na crise atual de valores, quando princípios de honra, de dignidade, de

competência sofrem uma penosa erosão, o exemplo de Euclides nos anima ao regresso à Inteligência. Tudo o que foi na Amazônia: o geógrafo, o explorador, o historiador, o sociólogo, o esteta, o lírico da natureza, o profeta de futuros, o agente do Estado em missão técnica e ainda mais político-diplomática. Que ele cumpriu com honra, altivez, competência, cordialidade com o colega peruano. E finalmente, com o seu permanente e vigoroso brasileirismo. A ”linha reta”, como ele designava o princípio norteador de seu comportamento. A Linha ética de sua engenharia social aliada ao seu modo de ser pessoa humana.

 

     Um texto particularmente antológico é “Judas Ahsverus”. Tendo como ponto de partida a festa de malhação de Judas, Euclides cria uma série de correspondências entre o boneco de palha surrado que fica flutuando pelo rio e a própria idéia da violência, solidão e, sofrimento do seringueiro enganosamente atraído para a Amazônia. Dá-nos a impressão o texto de que ao malhar o Judas, o homem amazônico se malha: “É um doloroso triunfo. O sertanejo esculpiu o maldito à sua imagem. Vinga-se de si mesmo: pune-se, afinal da ambição maldita que o levou àquela terra.” ( À Margem da História, p.76 ).

“Judas Ahsverus” denuncia as brutais formas de exploração do homem da Amazônia no início deste século, o qual parece encontrar-se abandonado até por Deus: “... o Redentor Universal não os redimiu; esqueceu-os para sempre, ou não os viu talvez, tão relegados se acham à borda do rio solitário, que no próprio volver das águas é o primeiro a fugir.” ( À Margem da História, p.73 ).

Podemos perceber que “Judas Ahsverus” e os demais textos amazônicos de “À Margem da História” são muito atuais.

No livro figura “Transacreana”, em que Euclides sonha com uma estrada de ferro que seria fator de progresso e integração da região Amazônica ao restante do país. Sonho quase realizado em A Transamazônica. . .

No livro encontra-se também “Primado do Pacífico”, em que Euclides da Cunha afirma que haveria uma grande guerra entre os Estados Unidos e o Japão. Escritoem 1909, o conflito se deu em 1941. . .

Há no livro também “Viação Sul-Americana”- fala da deficiência de nossas ferrovias e o aproveitamento dos rios para navegação.

Em 1939, veio a lume outro livro – “Canudos, Diário de uma expedição”, onde se encontram todas as informações e apontamentos da campanha. Euclides usou-os na elaboração do 3ª parte de os “Os Sertões”, a Luta.

Também “Caderneta de Campo” – contendo anotações de Euclides da Cunha durante as atividades em Canudos como repórter de guerra pelo “O Estado de São Paulo”.

Além desses livros, Euclides da Cunha escreveu cartas, poesias e relatórios. As cartas estão reunidas em “Euclides da Cunha e seus amigos”, reunidas por Venâncio Filho.  As poesias estão nos seu caderno de poesias “Ondas”, são 84 poesias.

            Há que se destacar ainda o “Relatório da Comissão Brasileiro – Peruana de Reconhecimento do Alto Perus”.            São 77 páginas de um trabalho eminentemente técnico, de inteira essência geográfica. Relata o seu desapontamento no primeiro contado com o rio e com a terra amazônica.

Euclides da Cunha conseguiu atravessar o século XX conquistando cada vez mais admiradores, embora seja um dos menos lidos em virtude de sua complexidade. Quem sabe um dia, com o esforço de professores e movimentos populares, esse quadro mude.

 

Referências Bibliográficas:

CUNHA, Euclides da. Os sertões. Edição crítica de Walnice Nogueira Galvão. São Paulo: Ática, 1998;

ANDRADE, Olímpio de Sousa. História e interpretação de 'Os Sertões'. 3. ed. rev. e aum. São Paulo: EDART, 1966.

CUNHA, Euclides da. À margem da história. Editora Lello Brasileira S.A. 1967.

BOSI, Alfredo : A releitura de Os sertões hoje. www.culturabrasil.org/bosi.htm.

DANTAS, Paulo. Euclides e as Dimensões Sertanejas. Revista Brasiliense, São Paulo, set./out. 1958.

PINHEIRO, Célio. 80 anos de Os Sertões de Euclides da Cunha.Edições Arquivo do Estado. São Paulo,1982.

TOCANTINS, Leandro. Euclides da Cunha e o Paraíso Perdido. 3. ed. Civilização Brasileira/Mec. 1978.

CUNHA, Euclides da. Contrastes e Confrontos. 9. Ed. Livraria Lello e Irmão,Chardron. Lisboa.

CUNHA, Euclides da. Diário de uma expedição. Organização: Walnice Nogueira Galvão. São Paulo: Companhia das Letras,2000.

CUNHA, Euclides da. Castro Alves e seu tempo. Organização e introdução de Cássio Schubsky. São Paulo: Lettera.doc. Associação dos Antigos alunos da Faculdade de Direito da USP, 2009.

VENTURA, Roberto. Euclides da Cunha –esboço biográfico. Organização de Mário César Carvalho e José Carlos Barreto de Santana. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.



AddThis